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O BEZERRO DE OURO
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A palavra de Deus nos mostra que tudo quanto foi escrito tem o objetivo de nos ensinar algo, e isto se torna eficaz em qualquer experiência dos personagens relatados na bíblia, até mesmo aqueles que nos deixaram um registro de vergonha e de atos desqualificáveis.
Compreendemos, então, que a verdade não omite a parte
negativa dos filhos de Deus nem mesmo daqueles considerados, pela própria
escritura, como os paladinos da fé, ou os baluartes dos oráculos de Jeová.
A
experiência de Jeroboão
Um dos relatos do velho testamento que muito me
impressiona, é a historia de Jeroboão filho de Nebate, efraimita de Zereda.
Embora não haja muitos detalhes que nos forneça material substancioso, a fim
de depuramos toda a sua experiência, podemos avaliar algumas citações
peculiares que nos dão margem para aprendermos algo útil para nossa
caminhada cristã.
Enumerando os reacionários ao rei Salomão, a palavra do
Senhor faz menção a Jeroboão, em1 Reis 11:26, na seguinte frase:
“levantou a mão contra o rei”, a priori poderíamos pensar que o
mesmo tenha atentado contra a vida do rei, mas no versículo seguinte (1 Reis
11:28) vemos o rei privilegiando-o, com uma nova função “Ora, vendo
Salomão que Jeroboão era homem valente e capaz, moço laborioso, ele o pôs
sobre todo o trabalho forçado da casa de José”, isto nos faz lembrar
que recentemente os proeminentes escritores da Revista Adventista,
utilizaram a expressão “não toquem nos ungidos do Senhor” para referirem-se
aos que tem opiniões divergentes da elite dominante da IASD, sem embargo de
que jamais tenham atentado contra a integridade física de quem quer que
seja.
O que nos parece mais contemporâneo na história, é que
Deus escolheu Jeroboão para corrigir os desvios administrativos praticados
nos reinados de Salomão e Roboão, ora isto não deixa duvidas de que, na
maioria das vezes, Deus intervém, de forma corretiva, usando a
instrumentalidade humana para corrigir erros de outros seres humanos, mesmo
que estes tenham sido profeticamente indicados, ou tenham sido ungidos para
qualquer que seja o cargo.
Equivocados estão aqueles que ensinam que quando a
liderança se desvia da justiça e dos ensinos da Palavra de Deus, seus
liderados não devem esboçar nenhuma atitude de repúdio ou reação, pois Deus
haverá de pessoalmente, de forma sobrenatural, corrigir tais procedimentos
pecaminosos, ou mesmo se Deus ficar inerte diante de tal situação, ainda
haverá um ajuste de contas no dia de juízo, dando-nos a entender que existe
uma classe de pessoas na IASD que estão acima da correção da
instrumentalidade humana da qual Deus faz uso.
Repetindo Jeroboão
É muito similar a historia vivenciada pela IASD
brasileira nestes últimos anos, uma vez que sua cúpula administrativa
repetiu a história, principalmente no que diz respeito a erros
administrativos, os quais levaram a membresia a questionar até onde iria a
sua cumplicidade em permanecer mudos, sem nenhuma reação, apenas aguardando
a miraculosa e sobrenatural intervenção Divina, desacompanhada de qualquer
participação humana, com a finalidade de pôr fim ao corporativismo,
nepotismo, malversação de fundos, politicagem e demais arbitrariedades
dominantes no meio do povo adventista.
Nós que assistimos de camarote, isto é, pela internet,
vimos os primeiros “Jeroboões” levantarem as mãos contra os reis do
adventísmo brasileiro, ou melhor, alçarem a voz contra os pecados dos
“Salomãonitas” e “Roboãonitas”, os quais jamais deram ouvidos aos conselhos
dos jovens, e muito menos dos anciãos adventistas.
Testemunhamos, pela telinha do computador, todo o
martírio a que foi submetido o irmão Nicotra, até a sumária exclusão de seu
nome dos livros da igreja. Vimos também os estarrecedores episódios vividos
pela comunidade adventista de Poá-SP, história esta que, definitivamente,
retirou-me toda a confiança que sempre alimentei para com a liderança de
minha igreja.
Pelos olhos da fé víamos, mesmo que de forma invisível,
o profeta Aias ungindo aqueles destemidos leigos, a fim de reagirem ao
estado caótico de nossa igreja, até mesmo eu, sem sentir a unção do profeta,
atrevi-me a expor minhas considerações sobre o momento presente, inclusive,
sugerindo a criação de uma Entidade jurídica, para representar e defender os
interesses da membresia, mesmo que para isto tivéssemos que recorrer aos
tribunais “mundanos”, coisa que, no caso já citado de Poá-SP, a liderança já
havia feito.
Novamente erigindo um bezerro de ouro
O erro do Jeroboão bíblico foi o de querer concorrer
com o povo para o qual ele era o instrumento de correção, e procurar dar
sustento a sua missão, através de coisas palpáveis visíveis abandonando a
confiança nos desígnios de um Deus invisível, o qual o havia escalado para
aquele empreendimento.
Nós, os Jeroboões modernos, estamos enveredando no
mesmo pecado do Jeroboão bíblico quando deixamos de confiar nas providências
de um Deus todo poderoso para sedimentarmos nossa confiança no vil metal. Toda e qualquer facção dos adventistas leigos que se institucionalizam tendo como suporte financeiro a cobrança de “dízimos” tão criticado por eles enquanto membros da IASD, estão erigindo um bezerro de ouro tal qual o Jeroboão bíblico. Sei que ainda é tempo de nos arrependermos e restabelecermos nossa confiança no Todo Poderoso, ainda é possível copiarmos a mordomia bíblica da Igreja do Novo Testamento, onde não havia “dízimos”, mas uma dádiva amorosa e voluntária, a qual fornecia meios para o atendimento aos irmãos necessitados, bem como a missão de evangelizar ao mundo, e jamais serviu para alimentar privilégios da cúpula administrativa da Igreja, ou tornar a igreja um mega empreendimento capitalista.
Membro da IASD - Central João Pessoa (PB)
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